Em audiência pública realizada na noite da última quarta-feira (27), no Hotel Praia da Sereia, em Itapuã, moradores e autoridades colocaram em debate as próximas edições da lavagem de Itapuã e também o carnaval de bairro. Na ocasião estiveram presentes vereadores, representantes dos hotéis da região, lideranças comunitárias, representante da Saltur e também o presidente do conselho do carnaval.
Lavagem
Sobre a lavagem de Itapuã, foi colocada em pauta a utilização de minitrios e inclusão das entidades que fazem parte da celebração no processo de construção do projeto que organiza o festejo. A população também cobrou uma maior valorização da lavagem pelo poder público.
Segundo o representante da Associação de Moradores de Itapuã, Ives Quaglia, os órgãos competentes precisam reconhecer o potencial e tradição do bairro. “Somos ricos em atrações culturais para fazer uma grande festa, que já possui mais de 100 anos, mas que ainda não tem o apoio devido. É difícil organizar desta forma uma festa com essa magnitude, neste ano a celebração foi realizada no dia 5 de fevereiro, mas até hoje não recebemos os recursos destinados ao festejo. O que foi destinado para a edição de 2012 até hoje também não recebemos”, alertou Quaglia.
O representante do Afoxé Korin Nagô, Jorge, também fez questão de destacar o papel da polícia militar no evento. “Temos recebido uma grande colaboração da Polícia Militar para a realização da festa com maior segurança, mas nos últimos dois anos tivemos problemas com relação à liberação das entidades que participam do desfile. Acreditamos que quem tem que definir a aptidão para participar do cortejo é a comissão organizadora. Estando com a documentação em dia não existe motivo para a entidade ser barrada, como quase aconteceu com o Malê Debalê neste ano.
Carnaval de bairro
Com relação ao carnaval de bairro, o primeiro questionamento foi com relação à localização da festa, que na edição deste ano ocorreu no Parque Metropolitano do Abaeté. Tradicionalmente a festa ocorre em frente à praça Dorival Caymmi, mas neste ano foi alterada por conta das obras de reforma da orla do bairro. Segundo o locutor e coordenador do carnaval de bairro realizado em Itapuã, Jackson Mendes, a realização no Abaeté é uma forma de atrair os olhares para o local que encontra-se abandonado. “Além de movimentar o comércio local, tivemos dados baixíssimo de ocorrências registradas pelo departamento de segurança em comparação com a festa organizada na praça. Também obtivemos êxito com relação ao trânsito, diferentemente dos outros anos”, defendeu Mendes.
O idealizador do site ItapuãCity e representante do bloco As Lazinhas, Eric Pereira, citou o modelo do carnaval de bairro realizado no Nordeste de Amaralina e sugeriu a criação de um circuito para o carnaval de Itapuã. “Temos atualmente mais de 10 entidades que desfilam pelo bairro durante o período carnavalesco, entre elas o Malê Debalê, o Afoxé Korin Nagô, Escola de Samba Unidos de Itapuã, Os Ridículos, Arrastão dos Cornos e As Lazinhas, da qual faço parte. Concentrar esses desfiles num circuito cultural com certeza ajudará na organização, segurança e conforto dos foliões do bairro, além de movimentar a economia local”, enfatizou Pereira.
Os participantes da mesa demonstraram estarem de acordo com a proposição e afirmaram que irão avaliar a sugestão já para que possa ser implementada no ano seguinte. Um dos pontos que também foram destacados pelas autoridades que participaram do encontro foi o potencial turístico do bairro. Segundo o presidente do Conselho do Carnaval, Pedro Costa, Itapuã agrega a maior rede hoteleira da cidade, podendo ser um atrativo interessante para os turistas. Os moradores ressaltaram a importância de reforçar a segurança no bairro, não só para os turistas, mas principalmente para os moradores, que estão convivendo dia a dia com a violência no bairro.
Outros festejos
Com os festejos juninos se aproximando, os moradores fizeram questão de também lembrar das outras festas que ocorrem no bairro durante todo o ano, mas que não recebem incentivo dos poderes públicos. Um dos organizadores da lavagem nativa de Itapuã “Mãetendo a tradição”, Celso D’Niçu, questionou o bom senso dos órgãos competentes com relação às manifestações populares. “Todos os anos organizo em frente a minha residência um festejo para comemorar o São João, tudo do meu próprio bolso e com o apoio de alguns amigos. Colocamos um pequeno palco, som e fazemos o evento para a comunidade, porém todos os anos sou surpreendido com mais de 10 agentes para acabar com a festa”, afirmou.
O reveillon do bairro, mais conhecido como Virada Itapuãzeira, também foi colocado em pauta e os participantes da mesa prometeram inclui-lo na programação do calendário anual dos festejos de Itapuã.