A pesca em Itapuã está chegando ao fim?

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pescadoresPescar está cada vez mais difícil para os “filhos” dos fundadores de Itapuã. Os tempos de rede farta, boas vendas e nenhuma poluição estão ficando na lembrança dos pescadores de Itapuã, que se sentem esquecidos pelo poder público.

“Não conheço um pescador que sobreviva somente da pesca. O governo deixou por muito tempo de investir na nossa classe e as reparações vieram tarde demais”, desabafa Arivaldo Sousa (45), presidente da Colônia Z-6 da região.

Segundo ele, fatores como a escassez do pescado, escoamento deficitário e até mesmo a retirada das barracas das praias de Salvador, prejudicaram a atividade pesqueira que há tempos vem declinando.

O pescador Paulo Sérgio Brito (41), considera que as poluições marítimas no trecho entre Boca do Rio e Praia do Flamengo são as grandes vilãs no cotidiano da atividade. “Os pescadores que trabalham na região do Litoral Norte, por exemplo, levam mais vantagens por conta da abundância de peixes e a poluição reduzida. Assim, vendem mais rápido seus produtos”, afirma.

Paulo Sérgio pontua também deficiências nas embarcações antigas, na estrutura das peixarias da Colônia e a falta de incentivos para capacitação profissional. “Os telhados das peixarias estão acabados e quando chove sempre alaga. Precisamos de um balcão frigorífico para ajudar no armazenamento. Falta também orientação para o manejo, conservação e higiene. Vejo muitos arrastando os pescados pela areia, sem qualquer cuidado”, diz.

Com tantos problemas, a tradição está ameaçada inclusive por não ser conhecida por outras gerações. “Tudo que conquistei até hoje veio da pesca: casa própria, os estudos de minha filha e esposa, mas com outras oportunidades aparecendo, os pescadores já não querem que seus filhos sigam o ofício que não oferece perspectivas”, diz Arivaldo.

Atualmente, a profissão de pescador é regulamentada. Quando cadastrado na Colônia, ele se torna um segurado especial, tal qual o agricultor, por exemplo, e assim tem todas as garantias de um trabalhador formal: auxílios doença, maternidade e INSS, exceto o piso salarial e o FGTS.

A Colônia Z-6 localizada possui mais de 800 pescadores cadastrados que trabalham em Itapuã e em outras localidades como Boca do Rio, Praia do Flamengo,Vilas de Abrantes, Camaçari e Lauro de Freitas. O faturamento mensal por pescador chega a um salário mínimo (R$ 724,00), mas é reduzido no inverno, quando os dias favoráveis para a pesca são poucos.

Fonte: ItapuãCity | Camila Barreto

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