Tão tradicional quanto o panetone, é o bota fora de final de ano. Num gesto que simboliza mais do que simplesmente limpar e arrumar espaço na casa, as pessoas nessa época buscam se livrar daquilo que não mais utilizam, doar roupas, brinquedos e outros pertences para quem precisa e – é claro – prometer não mais acumular tralhas na vida e no lar. “Nesse ano só terei o necessário” – é a frase que marca esse momento.
Em meio à faxina anual, nos deparamos com fotos antigas – essas são as mais difíceis de livrar-se – papéis que procuramos durante meses sem sucesso, objetos que acreditávamos já termos jogado fora e outras coisas que sequer fazíamos ideia que possuíamos. É inevitável nessas horas nos perguntarmos se precisamos de tanto para viver.
Esse bota fora também nos mostra os filmes das nossas vidas, ou pelo menos, alguns capítulos da nossa história. O bom disso tudo é que essas lembranças são, em sua grande maioria, momentos bons da vida. Uma vez que é praxe guardamos coisas que nos remetem a momentos felizes. Aquela foto com os amigos do colégio, bilhetes amorosos, provas com nota 10, o ingresso daquele show inesquecível. Então, todas as lembranças vêm à tona e as tralhas empoeiradas nos mostram que viver – apesar dos percalços e acúmulos – está valendo à pena.