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Há tempos que a favela não é mais a mesma. Os morros já não são os morros de Noel Rosa e os malandros não são mais os malandros de Chico Buarque. As “comunidades” deixaram as marginais culturais e ganharam espaço nas novelas, nos filmes e, claro, na literatura. O livro Mundo cão, de Matheus Peleteiro, jovem de 19 anos, morador de Itapuã, é parte desse novo retrato da periferia brasileira, uma combinação pop do prisma cultural que os becos e vielas exalam.
Peleteiro cria um diálogo realista entre Pedro Contino e o mundo voraz que o cerca. As festas, algumas drogas, o sexo e as mulheres: tudo isso é usado para compor um cenário aproximado – ainda que o tom ficcional seja claro. A favela Roda Viva está em Salvador, mas poderia ser colocada sem nenhuma anomalia em qualquer metrópole brasileira.
Ele conta que não tinha o hábito de ler, mas que ao iniciar, a ideia de escrever um livro surgiu ainda enquanto cursava o ensino médio. “Até chegar ao segundo ano do ensino médio, pouco tinha lido. Na verdade, se disser que até lá li mais de dez livros, estarei mentindo. Mas enquanto cursava o segundo ano, li um livro do Bukowski, e foi uma magia para mim, que sempre pensei que a literatura fosse uma coisa falsa e fantasiosa. Aí você chega num momento que já conheceu tanto da boa literatura, que você precisa escrever, você precisa colocar no papel a sua realidade. E foi aí que resolvi começar a escrever, para tentar registrar, como eles fizeram, a minha época”, ressalta o jovem.
O livro já está à venda em todo o Brasil, e foi lançado em maio na Livraria da Cultura do Shopping Salvador, onde o autor esteve presente e participou de uma sessão de autógrafos.
Fonte: ItapuãCity