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Faltam sete dias para a maior festa de rua do mundo e para a Bahia se transformar – como canta Durval Lelys – no” world of Carnaval”. O carnaval baiano é com certeza o registro da da nossa cultura, e reúne diversas atrações nas ruas, praças e avenidas de Salvador. Infelizmente a alegria dos nossos carnavais de rua está perdendo espaço, e com ela a nossa identidade. As festividades que tanto arrastavam o povo às praças e avenidas, acabou se transformando numa verdadeira máquina de fazer dinheiro. E para aqueles que enxergam o carnaval como uma festa popular, é hora de dizer algumas verdades.
Era uma vez uma festa popular. A folia dos nossos carnavais há tempos está nas mãos dos grandes empresários. A festa que antes era dita popular, agora se vê escorada pelo capital movimentado pelas mídias e pelos camarotes. O trio elétrico já não é mais o personagem principal da festa. Aos poucos o carnaval vêm priorizando os shows particulares dentros dos camarotes, deixando assim, as ruas no segundo plano. Os principais cantores, mais querem posar na frente das câmeras doque animar os foliões. E os foliões – coitados! – seja abadá seja pipoca estão espremidos nas avenidas cada vêz mais estreitas.
Muitos blocos afros e manifestações artísticas e culturais, agora não fazem parte do cenário dos grandes circúitos. O governo, financiador do grande capital “pseudocarnavalesco”, ao invés de valorizar a nossa identidade tão abalada, resolveu criar um novo circúito tirando de cena grupos como Ilê Aiyê, Cortejo Afro, Muzenza, Filhos de Gandhy e Malê Debalê. Enquanto isso, nos circuitos tradicionais, o forró, o sertanejo e a música eletrônica importam diversos artistas que deturpam o carnaval tradicional da nossa querida cidade.
Visto todas estas coisas, eu me pergunto: à quem é destinado o carnaval de Salvador? Aos foliões? A nós, baianos? Acho que a resposta está nas mãos dos grandes financiadores desta grande festa. Estamos vivendo no “word of carnaval” da exclusão. Da desigualdade. E o resultado está num carnaval cada vez mais sem graça.
Era uma vez uma festa popular…
16 thoughts on “Carnaval da desigualdade”