Quando um homem progride, ele constrói ou destrói? Quando um passarinho faz o seu ninho, ele diminui ou soma à natureza? Acredito que depende do ponto de vista, depende: quem é o beneficiado e quem é o prejudicado.
Sabemos que Itapuã era um lugar “deserto”, uma localidade não habitada por humanos, porém habitada pela micro e macrofauna. Aos poucos, pescadores foram construindo casas, estradas, retirando seu sustento do mar. Ou será que eles foram destruindo habitat, tocas, ninhos, invadindo o mar?
Se olharmos registros fotográficos e compararmos com o cenário atual do nosso bairro, veremos quantas mudanças aconteceram. Algumas mudanças maravilhosas, outras nem tanto. Tudo foi evoluindo, foi-se adequando o bairro às suas necessidades de civilização.
Tínhamos muito mais vento para refrescar os nossos dias e noites, mas sem edificarmos não teríamos tantos outros nativos. Onde iriam morar? É tão bom morar aqui, não é mesmo? Quanto mais altas as construções, menor é a ventilação para as posteriores.
Começamos a substituir o chão de areia por paralelepípedos, depois por asfalto e assim, o calor dado pelo Sol durante o dia é dissipado da superfície durante a noite e até mesmo em menores proporções durante o dia, tornando a noite mais quente. A minha rua dentre outras não é pavimentada, ainda bem ou não. Quando tínhamos areia na porta de casa, as crianças podiam brincar mais a vontade; brincavam mais de ser criança. Entretanto, a areia “sujava” toda a casa, dando mais trabalho.
Os antigos moradores lembram que a água do mar alcançava ou quase alcançava a porta da Igreja Nossa Senhora da Conceição da Praia e hoje nem ao menos se imagina chegar tão perto. Foi o mar que recuou ou fomos nós que ocupamos o espaço que pertencia ao Senhor dos Mares?
Ainda há aqueles que fazem de Itapuã um local de veraneio, mas antigamente era um local quase exclusivo de veranistas, sua maior população era flutuante, hoje fixa e ocupam cada vez mais e mais espaços. Passarinhos, todos os dias, construindo seus ninhos.
Desmatam, derrubam árvores, aterram corpos d’água em prol ao progresso ou será o regresso. Será que estamos respeitando o ciclo ecológico. Como será que o ciclo da água está funcionando? Será mesmo que plantamos árvores suficientes para embelezar, ajudar a nossa “Itapuã city” respirar melhor? Ainda vemos tantos peixes a cantar, a pescar, a enfeitar o ar?
Construir ou destruir? Progresso ou regresso? Uma vida mais “civilizada” ou mais próxima ao natural? Por onde anda minha esteira, minha rede, meu andar descalço, meu sentir mais o cheirinho da maresia da praia ou quiçá ouvir o soar das ondas?