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As comemorações pelos 100 anos de nascimento de Vinicius de Moraes, que tem data oficial no próximo dia 19 de outubro, mas já se espalham por todo o Brasil, ganham homenagem especial em Salvador. Além do centenário, também serão celebrados os dez anos da primeira escultura em homenagem a um dos mais queridos poetas e compositores do país.
Na cidade onde o poeta e diplomata morou, criou grande parte de seu trabalho e tornou ainda mais conhecido o bairro de Itapuã, a Prefeitura, através da Fundação Gregório de Mattos (FGM), recupera o “Monumento a Vinicius de Moraes”, fundido em bronze pelo artista plástico baiano Juarez Paraíso. Formado por uma estátua em estilo figurativo, em tamanho natural, com mesinhas, cadeiras, cadernos de anotações e placas que reproduzem poesias e letras das canções mais famosas, o monumento fica na Praça Vinicius de Moraes.
É um espaço aberto e ensolarado, em frente à casa onde o artista morou e que atualmente abriga um hotel elegante com suíte especial no quarto do então casal Moraes. A biografia oficial do poeta cita um total de oito casamentos, entre eles com a atriz baiana Gessy Gesse.
Segredo da pátina
A recuperação do Monumento a Vinicius de Moraes é tão cuidadosa que até uma pátina especial foi criada pelo restaurador uruguaio Ramón Marcial. “Conto parte do processo e o resultado do trabalho, mas não revelo o segredo da pátina”, brinca o profissional. Primeiro ele limpou toda a estátua, processou reservadamente o próprio material recolhido no bronze, e depois reaplicou para proteger o metal. “Veja que fica um esverdeado mais bonito, e elimino o tom verde antigo, próprio da mistura de sujeira acumulada com a oxidação”, explica o artista.
O trabalho é mais amplo. Marcial se concentrou em reforçar as pequenas peças que mostram detalhes da imagem de Vinicius, como os óculos, o livrinho e a caneta. “Estavam roubando tudo. Como as peças eram fundidas para fixar sobre a base do bronze, ficava mais fácil puxar. Criei pinos de aço e tornei o roubo mais difícil”, conta. Para colocar os pinos foi necessário alterar o design dos óculos, que eram com aros bem fininhos. “Estudei os modelos da época e fiz uns óculos mais grossos, porém no estilo que Vinicius usava”, previne.
Pode ser difícil saber se Vinicius gostava realmente mais da praça ou do mar, ali pertinho, bem em frente. Mas o público não deixa dúvida. Os turistas se animam e sentam na cadeira vazia, de duas que integram o monumento, e fazem fotos como se conversassem com o poeta. Pegam na mão, alisam o ombro, os cabelos. Os mais criativos formam grupos em torno da escultura. É a arte que tem inspiração da vida, que interage com a arte. Assim como a obra do Poetinha.
Fonte: AGECOM