Criado em agosto de 2014 por ex-alunos do colégio estadual Governador Lomanto Júnior, o grupo de rap Turma do Bairro lançará no próximo sábado, 11/04, seu primeiro álbum, intitulado “Stanley e a Cidade do Underground”.
Formado por Marcos “Morcegão”, Flip, Igor “Bone” Jones, Ricardo “Richard” Souza e Tárcio “Pires” Fonseca, a banda nasceu de um coletivo de MCs (Mestres de Cerimônia – rimadores do rap) sediado em Itapuã. “Eu tive a ideia de fazer um coletivo com MCs daqui de Itapuã e outros bairros onde todos pudessem se ajudar”, conta Morcegão.
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20 anos de rima
A Turma do Bairro representa a continuação de um trabalho iniciado cerca de 20 anos atrás no bairro, com o grupo SAN, inicias de Só Afro descendente Nervoso, que assim como a Turma nasceu de uma banca de MCs. “Foi em 2006, através desses caras que eu comecei a rimar, tive o meu primeiro contato real com o rap e conheci o Ricardo”, diz Morcegão.
Segundo eles, o movimento hip-hop na cidade de Salvador vem crescendo a cada ano e, desde 2012 tem havido um boom do rap na cidade, com o surgimento de novos grupos, a ida de artistas baianos para o sudeste e a Semana Baiana de hip-hop.
Há, porém, uma inconstância nesse processo que, segundo o grupo, se deve à falta de apoio ao hip-hop em Salvador, mas também à imaturidade das pessoas envolvidas com o movimento. “Ainda falta maturidade musical em Salvador; vários caras envolvidos com produção não entendem o movimento em si e isso faz com que a gente não cresça tanto”, revela Morcegão.
O som dos caras
Com influências que vão de Amado Batista à Damian Marley, passando por Caetano Veloso e as Ganhadeira de Itapuã, a Turma do Bairro produz um rap verdadeiramente baiano. “A gente faz a cara de Salvador”, define Ricardo.
“Eu, por exemplo, ouço muita coisa estranha”, frisou Flip, que mantém na sua playlist nomes como Fernando Mendes, Amado Batista e Belchior.
Ex-integrante de banda de reggae, Tárcio levou para a Turma as influências do ritmo jamaicano, um pouco de música erudita e a singularidade tropicalista de Caetano Veloso. “A minha principal referência é o Caetano, que é excelente letrista e músico”, afirma.
Nascido na zona oeste de São Paulo, Ricardo carrega na bagagem influências da chamada “Old School” do rap nacional, como SNJ, Realidade Cruel, Gog e Homens Crânio. Ouve também cantores como Vander Lee, Maria Rita e Marisa Monte. “Cada influência dessas me ajudou a construir minha personalidade musical”, diz.
Marcos Morcegão, que passou boa parte da infância e adolescência em Itapuã, por muito tempo freqüentou espaços como a Casa da Música onde pôde ver e ouvir grupos locais, a exemplo das Ganhadeiras de Itapuã. O rapper se diz bastante influenciado pela cultura do bairro, mas também por outros baianos da nova geração, como Russo Passapusso, e artistas internacionais, como Damian Marley.
Stanley e a Cidade do Underground
Stanley e a Cidade do Underground, álbum que será distribuído gratuitamente via internet, é um trabalho completamente autoral e temático que tem como proposta unir os diferentes elementos musicais “externos” com o que se toca em Salvador.
“Você vai ouvir um arrocha rasgado, melodias diferentes, percussão digital. Investimos muito na sonoridade para agradar quem está fora, mas, principalmente, a galera que está aqui”, garantem os músicos.
Sobre o título do álbum, eles explicam: “Stanley é um estado de espírito. É um personagem fictício que um dia está acuado e no outro acordou com a sede de vencer. E a cidade do Underground é Salvador e essa mistura de ritmos e influências”.
Fonte: ItapuãCity