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Em 2015, Itapuã, que vinha subindo desde 2012, registrou 20 assassinatos até o 14 de julho, quando alcançou mil homicídios.
Há tempos que os versos de Toquinho e Vinicius de Moraes que sugerem passar uma tarde na tranquila Itapuã não faziam mais sentido. Mas, pelo menos no que diz respeito a homicídios, o bairro parece ir recuperando a calma. Caiu 80% a participação de Itapuã na lista dos primeiros mil homicídios do ano em Salvador e Região Metropolitana, segundo levantamento feito pelo CORREIO.
O ranking é feito desde 2011 com base no boletim da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) para o especial Mil Vidas – que verifica quando a milésima morte é atingida. Em 2015, Itapuã, que vinha subindo desde 2012, registrou 20 assassinatos até o 14 de julho, quando alcançou mil homicídios. Este ano, até 28 de junho, quando atingiu a marca, tinha quatro. O levantamento não inclui latrocínios (roubos seguidos de morte) nem homicídios praticados pela polícia.
O topo da lista é ocupado por Paripe, seguido de Lobato, São Cristóvão, Fazenda Grande do Retiro e Valéria. O mês com o maior número de homicídios foi maio (185) e o dia mais violento, 27 de fevereiro, com 15 casos.
Mas a redução dos homicídios em Itapuã não dá aos moradores uma sensação de segurança. “Assalto aqui tem todo dia. Não tem segurança”, diz a costureira Simone Dias, 30 anos. Já o frentista Iego Santos, 22, notou a redução nos homicídios e a presença mais constante da Polícia Militar. “Para o que era, está até bom. O problema é que assalto acontece o tempo todo”.
Para a Polícia Militar, “a sensação de segurança é um sentimento que transcende a atuação dos órgãos”. “Aos órgãos de segurança pública cabe, em muitos casos, apenas atuar de forma reparatória, pois todo o sistema social que deveria conduzir o cidadão ao bom caminho da lei e da ordem falhou em algum momento e o crime foi a opção daquele cidadão”, diz a PM.
Roubos e latrocínios
Segundo o titular da 12ª Delegacia (Itapuã), Antônio Carlos Santos, homicídios não são os crimes mais comuns no bairro. O maior problema são os roubos e latrocínios. “Atribuo a queda ao combate do tráfico de drogas. A 12ª Delegacia é a unidade com mais procedimentos encaminhados à Justiça Criminal.
Quando a gente formaliza, dá resultado”. Segundo ele, a integração com a PM também ajuda. O major Marcelo Franco, conta que, quando assumiu o comando da 15ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Itapuã), há dois meses, os índices de criminalidade já estavam reduzidos.
“A gente usa muito a análise da mancha criminal e tem pontuado o policiamento nos dias e horários mais problemáticos”. Ele destaca o trabalho da Base Comunitária do Bairro da Paz, da Ronda Escolar e da vigilância participativa. “Destacamos uma equipe para orientar porteiros e vigilantes de como eles podem contribuir para a segurança. Tenho mais de 20 grupos de WhatsApp com síndicos e moradores”.
Este ano, Itapuã levou 72 dias para registrar o primeiro homicídio. A média de idade das vítimas foi de 22 anos. Nenhuma mulher foi assassinada no período. Os crimes foram em dias de sábado, domingo, terça e sexta-feira, entre 11h30 e 17h41. Das quatro vítimas, dois tinham passagens pela polícia. Em 12 de março, foi morto Adson Santos Queiroz, 20, que não tinha passagem. No mesmo mês, no dia 22, morreu Roberto Novaes dos Santos, 30, que respondia a seis inquéritos.
Igor Santana Veiga, 20, foi morto na Rua Floresta Azul no dia 8 de abril. Ele respondia a processo por roubo. A última vítima, Venício Reis Conceição, foi esfaqueado no dia 26 de junho, na Rua Alameda das Roseiras, e não tinha passagens. Após o milésimo homicídio do ano, Itapuã registrou mais três assassinatos, até anteontem: Tauan Neves Silva, 20, no dia 4 de julho. No dia 2 de setembro, morreu Josevan Barreto Chagas e, no dia 6, Cláudio Silva Ferreira.
Fonte: Correio da Bahia