Isso não é novidade, mas é bom frisar: As transformações urbanas ganharam corpo no cenário poético de Itapuã. Tais mudanças destruíram toda magia de um dos bairros mais ricos da capital baiana. Os anos dourados do bairro-poesia se transformou nos anos sombrios de um bairro- cidade alimentado, sobretudo, pela ganância dos comerciantes e pela especulação imobiliária. Os ambulantes e o comércio irregular acirraram o grande assassinato dos encantos que atrairiam pessoas do mundo todo.
As antigas casas de veraneio cederam à pressão imobiliária. A praça Dorival Caymmi e entorno se perdem em meios aos ambulantes. Os amontoados de bares de esquina comprovam a falta de opção de lazer no bairro, completamente esquecido pelo governo em tempos pretéritos. Vivemos hoje num bairro com falta de opções para a comunidade mostrar toda a energia da sua cultura. Não há opções de lazer que não sejam os bailes dançantes e pontos de venda de cerveja.
O turismo, seja ecológico ou cultural, é pouco explorado. Até hoje espera-se um projeto bom projeto que valorize as atividades turísticas na comunidade. Itapuã é o Bairro de Vinícius, Caymmi, Calazans. É o bairro do sossego, do mar e dos jangadeiros. É o bairro das belas praias e da lenda do Abaeté. Temos uma história rica, repleta de encantos pois há no bairro o coração de uma cidade longe do seu centro.
O principal sintoma da grande selva de pedra que cresce, sem os devidos cuidados, está em nossa baixa alto-estima. E isso se reflete nas formas em como enxergamos e tratamos o bairro – um bairro sujo, com pouco valor e repleto de pessoas mal educadas. Mas não é bem assim, há ainda a poesia dos anos dourados no cotidiano das pessoas e em muitos lugares da comunidade. Ninguém tira a beleza das praias de Itapuã, ou das dunas do Abaeté. Ninguém tira das nossas memórias as figuras ilustres que viveram e ainda vivem em nosso bairro. Precisamos enxergar essas coisas, para que toda essa magia nos contagie e transforme a recupere a nossa poesia.