Marcas do bem, marcas do mal

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Nenhum homem é uma ilha. Essa afirmação firma a ideia de que precisamos sempre de outro ser para completar nossa existência. Não se trata do amor Eros, aquele em que um ser sente-se atraído fisicamente pelo outro, resultando num amor romântico. As relações sobre as quais nos debruçamos, aqui, são aquelas pautadas na amizade, na cumplicidade e nos desejos e pensamentos afins quando as pessoas se encontram, se aproximam e firmam laços de amizade ou nos encontros que nos trazem tristeza e dor, mas que, de igual forma, nos fazem mudar de pensamento e postura.

No primeiro caso, somos colocados em contatos com homens e mulheres que nos trazem lições de bondade e entrega para toda a vida. Os encontros com elas nos permitem a troca de experiências vividas, de lágrimas vertidas, das conquistas todas, dos sonhos frustrados, da renúncia de si em favor do próximo. Nessa partilha, somos “abençoados” com aquilo que jamais pensávamos ter e que vai além de bens materiais. Com elas, as palavras de Gonzaguinha ganham vida cada vez que pensamos: “É tão bonito quando a gente sente que nunca está sozinho por mais que pense estar”. Eu sou um privilegiado, sempre, pelos encontros que a vida me proporcionou, ao me colocar diante de “anjos” que trouxeram brilho à minha existência e que se tornaram meu alicerce, meu porto seguro, meu refúgio, minha inspiração. E, conforme cantava o mesmo Gonzaquinha: “aprendi que se depende de tanta e muita gente”. Por isso insisto em dizer que não há encontro por acaso, porque sei que tudo o que aprendi era exatamente o que faltava em mim e que essas pessoas sabiamente souberam, e ao seu modo, me ensinar.

Por vezes, porém, somos postos à prova, quando as relações se dão com pessoas com as quais não dividimos nenhuma afinidade e que a todo o tempo parecem-nos ser uma ameaça a nossa paz e ao nosso caminhar. São aquelas que se satisfazem com nossa tristeza e derrota aparente, que não medem esforço para nos ver caídos e dependentes. Devo dizer que elas também nos são importantes, porque nos fazem lançar novos olhares sobre nós mesmos e sobre os outros. Essas pessoas nos ensinam a tolerância, a aceitação, o respeito, o perdão, a espera e nos fazem conhecer o processo de maturação.

Cabe-nos, tão somente, pensar que assim como a primeira classe de pessoas nos fez tão bem, podemos nós, semelhantemente, lançar isso sobre outros. Antoine de Saint-Exupéry escreveu: “Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas não vai sozinho, porque deixa um pouco de si e leva um pouco de nós”. Daí a necessidade de nos preocuparmos em deixar marcas de alegria e paz naqueles que de nós se aproximam. Não importa se em algum momento fomos marcados de forma negativa por alguém: importa, sim, que desejemos fazer a diferença na vida de todos os que nos cercam no pouco tempo que a vida nos concede.

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