Ao cair da noite, no estacionamento da Caixa Econômica Federal do bairro de Itapuã acontece um daqueles movimentos que mostram o poder iniciativa da população deste bairro. Ali, às margens da Avenida Dorival Caymmi integrantes do grupo Camugerê mantêm viva a arte da capoeira ensinando-a a crianças.
A aparente adversidade do local e horário é compensada pela vontade dos professores de ensinar e pelo desejo dos alunos em aprender. E esses dois fatores trabalhando em conjunto são capazes de superar qualquer intempérie.
Essa iniciativa nos remete aos primórdios da capoeira, quando os seus adeptos precisavam se refugiar das autoridades para poder praticá-la, uma vez que durante muito tempo a prática da capoeira foi considerada crime e os capoeiristas tratados como marginais. Hoje, mesmo após decretada Patrimônio Cultural do Brasil, ainda há quem pouco conheça e tenha preconceito com esta luta disfarçada de dança que nasceu na Bahia e conquistou o mundo. E essa ação do grupo Camugerê, além de ter forte repercussão social, contribui também para romper o preconceito que ainda existe em torno da capoeira.
Outra reflexão que essas aulas ao luar nos confere é em relação a necessidade de olharmos para os espaços públicos. Parques, Praças, a Orla Marítima, o Mercado Municipal do bairro tão em pauta ultimamente e outras tantas áreas espalhadas pela cidade devem ser mais bem cuidadas, uma vez que isso propiciará que ações como a desenvolvida no estacionamento da Caixa Econômica sejam multiplicadas e atendam a números cada vez maiores de pessoas.