Mais uma vez os adeptos do candomblé foram abalados com uma daquelas picuinhas. Desta vez, o cambalacho veio com a proposta do então vereador Marcell Moraes que pretendia proibir que os terreiros pudessem sacrificar animais em oferendas aos orixás.
As ações “bem intencionadas” do vereador expressam a verdadeira face da política brasileira. Uma política que vai muito além do caráter e que não esconde as suas tenebrosas ações. Não importa a crença, a condição social, a raça… O que importa é aparecer! Mostrar as caras! E é claro, sempre recheado de boas intenções.
O engraçado – até soa irônico – o fato da corda sempre partir do lado da religião de matriz africana. Regrado de “boas intenções”, Moraes lança os seus argumentos na defesa dos animais. Segundo ele, o sacrifício dos bichos deveria ser revisto. O vereador ainda complementa sugerindo a substituição destes por plantas e folhas.
Moraes afirma que não tem nada contra a prática do candomblé e que não quer intervir na religião alheia. Não parece. As suas atitudes semeiam a ideia de que a religião é simplesmente moldável, fácil de modificar. Como se as tradições religiosas fossem completamente recicláveis.
Convenhamos… A aprovação do projeto que proíbe a venda de animais de estimação em pet shops foi uma atitude muito bem vista. Foi um marco histórico na defesa dos animais, em Salvador. O problema é que quando as suas atitudes entram em choque com as tradições e a religiosidade, temos em aí um confronto ofensivo sobre as nossas heranças.
Se vamos combater o sacrifício de animais, então vamos rever o que nós estamos comendo. Lógico que não vou confrontar este argumento com as necessidades do homem de se alimentar, mas hoje em dia, a necessidade foi ultrapassada pelo cardápio cheio e exagerado da nossa sociedade consumista…