Após notificação da Secretaria Municipal da Ordem Pública (Semop), que determina a saída das baianas de acarajé e demais quiosques de Itapuã em dez dias, comerciantes pedem esclarecimentos. Eles afirmaram que não receberam qualquer aviso prévio sobre o início das obras de requalificação da Orla. Além disso, reivindicam o prazo estabelecido, que coincide com o início da Copa do Mundo, período que deve acontecer maior movimentação no bairro.
O comerciante Antonio Claudio (50), mais conhecido como “Bacalhau”, é dono do Pastel.com e afirma que a notificação ‘pegou de surpresa’. “Não somos contra a obra, mas acho que poderia ser estabelecido um prazo para após a Copa, já que o período estará cheio de turistas. Eu vendo de 300 a 400 pasteis por dia e me preparei para contratar mais colaboradores e aproveitar o momento”.
A baiana Maria das Graças (66), que vende acarajé no bairro há 40 anos, ainda não sabe como vai se sustentar sem a tenda. “Eu não sei como vou manter minha casa. Espero que o Prefeito respeite nosso trabalho”, diz.
Para Robson Machado (47), do Kioskão Lanches, embora a medida afete a economia do bairro, o resultado será positivo. “Itapuã já está abandonada pelo Poder Público há muito tempo. Há mais de 20 anos que não se faz nada pelo Abaeté, pelo transporte público, a violência. Apesar de gerar desemprego temporário, vejo com bons olhos a iniciativa do prefeito ACM Neto”, afirma.
Em entrevista ao ItapuãCity, a secretária da Ordem Pública, Rosemma Maluf, declarou que as baianas serão transferidas para outros espaços no entorno. Já para os quiosques, ainda não há definição sobre a possibilidade de funcionarem durante as obras. “Existe também uma desvirtuação do objetivo da permissão de uso. Os quiosques foram inicialmente licenciados para a venda de coco. Pela falta da fiscalização durante muitos anos, esses permissionários foram desviando os objetivos dos quiosques. Ainda estamos pensando numa alternativa, mas essa solução só vai ser divulgada após reunião técnica dos órgãos da Prefeitura envolvidos na operação”.
A secretária frisou ainda que as mudanças serão em prol de um objetivo maior. “Uma obra deste porte envolve o sacrifício de todos: dos permissionários, dos moradores, dos comerciantes. Esse mesmo processo é o que a Barra está passando e cada um está dando sua cota de contribuição. Claro que traz transtornos, mas é uma obra que visa o bem coletivo. Há muitos anos que Salvador não recebe ações de intervenção física em tantos espaços”, completou.
Fonte: ItapuãCity | Camila Barreto