Orquestra de Pandeiros revisita Itapuã

O bairro cantado por importantes nomes da música brasileira hoje respira um novo ar cultural. Ali, logo ao lado da Lagoa do Abaeté, em Itapuã, é possível ouvir pássaros e brisas, que inspiram quem passa pelo local. Nesse ambiente propício, localiza-se uma instalação simples, com ares de uma casa comum, se não fosse a quantidade de instrumentos, cds, discos e a Fobica, o primeiro trio elétrico da história. A Casa da Música existe desde 1993, mas só há dez anos começou a ser usada como espaço cultural, aceitando em suas áreas as manifestações das mais diversas linguagens artísticas.

Esse lar sonoro abriga, desde o começo de 2012, um projeto idealizado por dois irmãos, moradores do bairro de Itapuã. Tamima Brasil e Yago Avelar já se envolviam voluntariamente com oficinas musicais na região. Tendo em mente a importância da cultura para o bairro, colocaram em prática, juntamente com Analu Franca, coordenadora do projeto, um curso de pandeiros que foi oferecido por nove meses para 40 pessoas da comunidade local, apoiado por um edital de incentivo à cultura. “Pela música podemos acreditar em um futuro melhor”, explica a luthier (construtora de instrumentos), baterista, percussionista e diretora musical do grupo, Tamima Brasil, sobre a iniciativa. “Acho que a música, assim como o esporte, é um objeto de inclusão social”, completa o também percussionista e diretor musical Yago.

A orquestra – A partir do curso, os idealizadores decidiram dar continuidade ao projeto de formação de pandeiristas para profissionalizar os aprendizes. Através da criação de um grupo que tem um instrumento de percussão em evidência, surge a Orquestra de Pandeiros de Itapuã. Atualmente, a orquestra é composta por pessoas de diferentes origens, histórias e gerações que se unem para tocar o instrumento. A escolha do pandeiro, segundo os irmãos, se deu de forma natural. Musicistas de berço, eles reconhecem a importância imaterial do instrumento e sua relação com a identidade nacional: “O pandeiro é o instrumento percussivo que mais representa o Brasil”, diz Yago Avelar.

A partir daí, com o instrumento em mãos, a variedade de ritmos explorados faz um caminho cronológico. Do choro clássico, aos regionais ritmos da capoeira, maracatu, frevo e baião, passando pela polca, até o mais moderno, como o funk e experimentos com samplers. Essas diferentes sonoridades, compõem o repertório da banda, formado por releituras de artistas renomados, como Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Dorival Caymmi e canções autorais compostas juntamente com o tocador de flauta e pife, Rodrigo Sestrem, e por músicas inusitadas, como o tema do filme Missão Impossível. Talvez, por conta do variado repertório, a Orquestra de Pandeiros de Itapuã agrada a todos que se permitem conhecê-la. “A Orquestra de Pandeiros não tem um público específico. É um show super divertido, no qual as pessoas podem cantar e dançar”, conta Analu Franca.

Projetos futuros – Atualmente já profissionalizada, a Orquestra de Itapuã mantém um grupo fixo de pandeiristas e convidados, que integram o grupo com a sonoridade de outros instrumentos, como a flauta, violão, entre outros. Para o futuro, a captação de recursos está sendo feita através de editais e outras formas de patrocínio para que a banda tenha condições de desenvolver seus projetos, que vão desde lançamento de disco e videoclipe, até turnês nacionais e internacionais. “Temos um trabalho que realmente merece. Merece que ele seja visto e que a gente consiga transmitir para as pessoas um pouco da nossa música. Queremos tocar o coração das pessoas com a boa música”, defende Analu.

Fonte: Impressão Digital 126

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