Foto: Ag. A tarde
Já dizia o nosso querido Edson Gomes…
“Olha doutor, podemos rever a situação
Pare a polícia, ela não é a solução, não.
Não sou ninguém, nem tenho pra quem apelar
Só tenho o meu bem que também não é ninguém”
Sexta-feira, 15 de janeiro de 2016. Mais uma noite de movimentação intensa em Itapuã, como já é de praxe com a chegada do final de semana, porém com uma surpresa desagradável para o comercio informal da Praça Dorival Caymmi. A presença de veículos da Guarda Municipal e também da Semop – Secretaria de Ordem Pública logo resultaram em um alvoroço entre os comerciantes, que foram “pegos de surpresa pelo órgão”, e logo iniciaram um protesto em via pública.
Antes mesmo do início do projeto de requalificação da orla de Itapuã, os moradores já clamavam pela fiscalização e ordenamento do comércio informal estabelecido na Praça Dorival Caymmi. Com o anúncio das obras de requalificação, veio juntamente com as obras a promessa de que a situação seria resolvida após a inauguração. Mas ficou só na promessa.
Após ter que esperar um pouco mais pela inauguração, devido ao atraso da obra, os moradores não tiveram o pedido atendido como o prometido. Porém, após dois meses a Semop e a secretária Rosemma Maluf estiveram presentes na inauguração do Novo Mercado de Itapuã, realizada em dezembro de 2015, também com atraso. Na ocasião a secretária foi questionada sobre a solicitação antiga dos moradores, e na oportunidade disse que os comerciantes permaneceriam no local, e que haveria um ordenamento feito pelo poder público (Clique e confira a matéria).
Antes da secretária Rosemma Maluf, que espalhou até faixas pelo bairro com sua foto e nome durante a inauguração do mercado, o prefeito ACM Neto também já havia prometido o ordenamento solicitado pelos moradores, inclusive durante entrevista na rádio Metrópole FM (Clique aqui e confira).
Talvez essa tenha sido a grande contradição entre o discurso e a prática na noite de ontem, quando veículos da Semop posicionaram-se na Praça Dorival Caymmi juntamente com a Guarda Municipal para apreender os equipamentos dos trabalhadores. Aliás, será que é assim mesmo que a situação será resolvida? A sujeira, desorganização e ocupação inadequada do espaço é óbvia, mas ações como essa apenas reprimem as pessoas que estão ali para tentar “ganhar o pão”dignamente.
Com a sua nova campanha de que “a cidade voltou a sorrir”, a prefeitura de Salvador deveria investir no diálogo com a sua população, e não em repressão. Que tal em situações como essa identificar os vendedores, convidá-los para uma qualificação, padronizar os equipamentos utilizados e viabilizar a atividade de forma ordenada? É assim que a cidade aos poucos voltará a sorrir, com o investimento na qualidade de vida das pessoas e com a redução da desigualdade social. Atitudes repressivas como a de ontem, e como a que ocorreu pouco tempo atrás com as baianas de acarajé do bairro (Clique aqui e confira) , com certeza não farão a cidade sorrir.
Voltemos os nossos olhares também para os novos quiosques construídos na orla, apelidados pela população de “aquários”, que também vem se arrastando desde o ano passado, e que já não temos mais como acreditar na real data de inauguração. Será que agora com essa “limpeza” na Praça Dorival Caymmi eles serão inaugurados? Será esse o motivo? Talvez a voz dos grandes empresários, que concorreriam com o “tio do isopor” tenha mais força para comover o poder público do que o apelo da população, que foi feliz recadastrar seus imóveis para ganhar título de posse e que agora paga IPTU como área nobre, mesmo morando nas periferias da nossa cidade com saneamento básico zero e coleta de lixo precária.
Após a noite de ontem, ficou claro que o bairro está pegando fogo… literalmente!
Enfim, continuemos de olho… todos por Itapuã.