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Na última quinta-feira, 20/11, foi comemorado o dia da Consciência Negra. Instituído oficialmente pela Lei nº 12519/2011, o dia é uma referência à morte do famoso chefe quilombola Zumbi, que liderou o Quilombo dos Palmares e se tornou um símbolo da resistência negra. Segundo registros históricos, Zumbi foi morto em uma incursão bandeirante contra o quilombo em 20 de novembro de 1695.
Apesar da inegável importância deste dia, há quem o considere desnecessário ou injusto em relação às outras etnias, que não possuem os seus “dias de consciência”. De fato todas as etnias, ou melhor, todos os seres humanos independente da sua etnia merecem um dia assim. Aliás, todo dia é dia para isso. No entanto, a carga de preconceito sobre os povos negros incontestavelmente é maior do que sobre os outros povos.
Para se ter uma ideia, só no Brasil chegaram algo em torno de 5 milhões de escravos no período colonial. Vindos da África, esses homens e mulheres eram transportados contra as suas vontades para serem tratados como mercadorias no Novo Mundo. Esse número expressivo fez com que o Brasil se tornasse um país majoritariamente negro, mas que – incoerentemente – trata os negros como minoria e, muitas vezes, esquece-se da assinatura da Lei Áurea.
O Mapa da Violência de 2012, publicado em 2014, aponta que naquele ano foram registrados inacreditáveis 56337 homicídios no país. Desses, 41127 eram negros, ou seja, 73% das vítimas de homicídio no Brasil em 2012 tinham na pele a marca histórica do preconceito. Isso está longe de ser uma coincidência.
O estudo aponta ainda que a última década vem sendo marcada por uma crescente “seletividade social”, uma vez que o número de mortes contra brancos vem diminuindo enquanto a violência contra os negros segue o caminho inverso. Afinal de contas, o número de brancos mortos diminuiu de 19.846 para 14.928, e o de negros aumentou de 29656 para 41127.
Essa enxurrada de números é argumento mais do que suficiente para nos mostrar que ainda precisamos lembrar o dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra. Apesar dos avanços sociais impulsionados por ações como a política de cotas e campanhas de combate ao preconceito, muita água ainda precisa rolar debaixo dessa ponte chamada sociedade até chegar o dia em que o racismo esteja de fato esquecido e possamos, assim, substituir o Dia da Consciência Negra pelo Dia da Consciência Humana.