Somos corruptos!

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operadoras2O hábito brasileiro de querer justiça e não saber fazê-la deveria ser levado ao banco dos réus. A cultura de querer se dar bem à custa dos outros, de tentar solucionar as coisas com paliativos ou de deixá-las como estão para não causar incômodo, já passou da hora de ser banida da cultura tupiniquim. Sobretudo a falsa sensação de nos acharmos melhores do que aqueles a quem criticamos com mais força e ousadia – os políticos – deve ser repensada, porque temos práticas iguais ou piores do que aquelas que tanto repudiamos.

Em coisas simples nossos discursos hipócritas caem por terra, revelando-se falaciosos nossos argumentos em defesa da justiça, da ética, do fim da corrupção. É o caso de alguns estudantes, que avidamente estampavam cartazes reivindicando punição para os políticos corruptos, mas que não perderiam a oportunidade de colar numa prova. É o caso de muitos comerciantes que condenam os desvios de verbas públicas e a apropriação ilícita de bens, mas que “esquecem” de devolver R$ 0,01 de troco do cliente. E aqui não se trata do valor e sim do respeito que não há para com as pessoas. Também se aplica aos “cidadãos” que terminam de comer ou beber algo e jogam papeis ou vasilhames fora dos recipientes adequados, sujando as ruas da cidade. Esses brasileiros ainda se acham no direito de reclamar da prefeitura, porque a sujeira está demais. Os pontos de ônibus nos revelam muito desse espírito de civilidade que nos rege:  é possível encontrar as pessoas umas atropelando as outras na tentativa de entrar primeiro na condução. São essas pessoas que, atingindo o objetivo, ainda guardam  um lugarzinho para o colega que está no fim da “fila”. Não contamos os que tomam os lugares reservados aos idosos, gestantes e portadores de necessidades especiais. Chegam os que deveriam assumir o lugar, mas aqueles que se apropriaram indevidamente do assento, são tomados de paralisia ou inércia.

Situação semelhante se vê nos pais que exigem que seus filhos lhes digam a verdade, acima de tudo, mas que os orientam para que digam ao vizinho ou visitante que eles não estão em casa ou que estão dormindo, quando, em verdade, estão acordados ou no recinto. São esses que se julgam os donos da verdade e da razão e aptos para dar lições de moral, inclusive para os gestores públicos. Um boa análise confirmará uma velha desconfiança: Somos corruptos!

Até que ponto somos e fazemos o que exigimos dos outros?

Esperamos que as boas ações sejam praticadas por qualquer pessoa, desde que não sejamos obrigados a fazer o mesmo. Queremos justiça, mas nos esforçamos para ser parte dela como seus promotores. Exigimos retidão, mas não a exercitamos no nosso fazer diário. Esquecemos que somos parte do coletivo e que tudo é resultado, também, de atos individuais que reverberem na sociedade.

Da próxima vez que vier a vontade de cobrar boas ações e atitudes corretas de qualquer pessoa, voltemo-nos para nós mesmos e pensemos se nossas ações condizem com o nosso discurso. Do contrário, cabem-nos duas opções: A primeira é silenciar o grito politicamente correto e corrigir as posturas para depois se manifestar. A segunda é, na impossibilidade de corrigir os atos, guardar o silêncio como se fosse ouro. Isso certamente não nos colocará em evidência negativa nem fará com que nosso discurso soe incoerente.

 

KIA KAHA!!

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