Vamos puxar a rede

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Em determinados momentos Itapuã se assemelha aos filmes de ficção que brincam com a ideia do universo paralelo. De um lado o mundo real moderno, envolto nas situações estressantes do cotidiano. Trânsito, violência, poluição, ruído.

Do outro, o mundo poético, encantado, visto e ouvido nos versos de Caymmi. Num reino onde o império é o mar, as carruagens são canoas e o rei é o pescador.

Para conhecer esse mundo é preciso despregar os olhos dos celulares, tablets, smartphones e observar o horizonte. É na praia onde se presencia – mesmo nos horários de pico durante a semana – o balé das redes de pesca cantados por Dorival.

A depender da maré são lançadas redes com mais de 90 metros de abertura entre uma corda e outra, posicionadas há pelo menos uma centena de metros da praia. Em cada uma das extremidades da malha, uma dúzia de homens puxa harmonicamente a rede para a costa, enquanto outros a ajeitam pacientemente dentro do mar sob a regência do mestre da embarcação. Tudo isso num ritmo compassado que enche os olhos de quem vê.

Enquanto isso, bem próximo dali no “mundo real”, pessoas transitam preocupadas, estressadas, atrasadas e esbaforidas sem se darem conta de que com um simples giro de 90° dos seus pescoços presenciariam uma tradição cultural histórica e cada vez mais rara nos dias atuais, o que a torna ainda mais bela. Pobres daqueles que desperdiçam essas oportunidades.

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