Nesta semana estive conversando com um amigo de Itapuã, que por sinal possui um comercio no bairro, onde se relaciona com muitas pessoas no seu dia-a-dia. Achei interessante a indagação dele: “Eric, sei que você nasceu e mora aqui a bastante tempo, mas o que você me diz sobre ser nativo? Você é nativo de Itapuã?”, e assim continuou me explicando a visão periférica que ele tinha sobre ser nativo deste bairro boêmio.
Na verdade concordo com a linha de pensamento deste colega, pois a mensagem que ele quis me passar era sobre uma reflexão entre nascer e morar no bairro, com o “ser nativo”. Segundo o dicionário da língua portuguesa, ao tratar a palavra como um adjetivo, penso que é neste sentido que alguns moradores aqui de Itapuã a utilizam, o significado de nativo é “Próprio do lugar onde nasce”. Pois bem, o que o meu amigo quis alertar é sobre a função que realmente um nativo deve exercer, e não apenas usar a palavra para se adjetivar.
Tenho plena certeza, não sei se por paixão, mas que ainda é um privilégio poder dizer que sou nativo de Itapuã. Poder desfrutar de toda a magia e encanto desse bairro, que foi levado a conhecimento do mundo através de grandes personalidades do nosso país, como Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes, Juca Chaves, Tom Jobim, entre outras grandes figuras. Mas como nem tudo são flores, também sabemos, ou pelo menos como nativos de Itapuã deveríamos ter o papel de saber, quantos problemas o nosso bairro vêm enfrentando ultimamente, e é nesse ponto que realmente quero chegar.
Será que é mesmo legal dar uma corrida na praia no final da tarde de domingo e ter que desviar a cada segundo de uma garrafa plástica, cacos de vidro, sacos plásticos, entre outros dejetos que tomam toda a areia da praia? Confesso que não sou pegador de ondas igual aos meu amigos Senildo e Luan Lisboa, mas também pratico o esporte por lazer e me viro nos trinta, só que tem sido um pouco difícil atualmente, pois é preciso encontrar coragem para entrar num mar que está constantemente poluído, e cheio de dejetos. Iaí, onde estão os poderosos nativos nesta hora? Muitos dizem que não poluem, e por isso não é da sua conta. Como verdadeiro nativo de Itapuã, digo: É da nossa conta sim!
Afinal, onde iremos parar se nós mesmos já não podemos frequentar o nosso bairro tranquilamente? Sendo direto, quem não lembra daquele Parque Metropolitano do Abaeté lotado nos dias de domingo? Pais, filhos, famílias que se reuniam no local para passar o domingo de maneira prazerosa e divertida, mas que foram expulsos pela falta de segurança da região. Todos nós vimos isso acontecer aos poucos… o que fizemos? Não direi que não fizemos nada porque demos um “jeitinho”, e não uma solução como deveria ser feito. Passamos a frequentar desde então a praça Dorival Caymmi nos finais de semana, local para onde levamos na bagagem todas as sementes da falta de segurança do Abaeté, e lá plantamos.
Hoje estamos colhendo os frutos de um descaso semeado pelos próprios moradores do bairro, que viram tudo acontecer e não tomaram providências. Por trás de toda essa situação não poderíamos deixar de parabenizar aqueles que ainda assim continuam lutando para reerguer a moral do nosso bairro. Afinal, enquanto muitos apenas criticam e falam que já viram Itapuã das belas tardes, outros entram em ação para reverter esse quadro.
A mensagem que queria deixar é justamente de reflexão, para todos nós que nos damos o certificado de “nativos de Itapuã”, o que estamos fazendo pelo nosso bairro? Quando estamos colaborando para a melhora do nosso bairro, estamos colaborando para um futuro melhor para o nosso planeta. Lembre sempre que por mais imenso que seja esse mar, sem uma gota ele é menor. Então quando você encontrar algo de errado pelo nosso bairro, entre em ação e se pergunte: Eu sou Nativo de Itapuã? E decida se você realmente vai deixar aquilo acontecer e se tornar frequente.